segunda-feira, 2 de julho de 2012

A incrível saga da Moradia dos Residentes

Pois é. Quando nós nos casamos, em 2009, era pra morar de aluguel, tudo bem. Só não sabia que iríamos alugar um apartamento tão lindo na zona oeste de São Paulo (e eu ainda reclamei dele um dia, meu Deus!). Com os presentes que ganhamos, conseguimos mobiliar tudo, e parecia casa do The Sims, sabe. Tudo separadinho, nada embutido. Sofá, mesa, rack, cama king size pra satisfazer o gosto do marido recém saído do forno e até meu sonho de consumo: uma cristaleira para todas as taças que ganhamos.
E assim ficamos, dois anos nesse lugar dos sonhos, com árvore que chegava até na sacada, rede pra descansar... nosso primeiro Pedacinho de Céu.
Até que a residência do Maurício terminou e, em comum acordo, achamos melhor ele ir voltando pra Curitiba, estruturar a nossa vida, e eu ficaria aqui, para o me último ano de residência. Confesso pra vocês que sofri mais nas semanas que sucederam a decisão do que quando ele foi embora de verdade.
Sabe aquela sensação gostosa de ver seu companheiro se realizando profissionalmente, agora de verdade, sem vida de estudante, ao mesmo tempo em que eu mostrava o quanto era guerreira ficando aqui?
Mas aqui, aonde? Acontece que próximo ao Natal fomos a Curitiba e após procurar vários sobrados, descobrimos um apartamento di-vi-no, do jeito que queríamos, no local que gostávamos, novinho, prontinho, e, o melhor... no precinho camarada! Já contei pra vocês que a gente é bom no pensamento positivo? Pois é.. a gente é mesmo!
Maaaaaaas, pra comprar o nosso lar, não dá pra manter apartamento grande em São Paulo, néam? Foi quando tive a brilhante ideia de morar dentro do trabalho! Olha que beleza! Uma merrequinha por mês, quarto individual, três refeições por dia e sem precisar de carro na maioria dos dias! Garota esperta!
Quando o Mau veio e conheceu o quarto, me deu o aval de que, sim, era muito simples, mas ele ficava muito tranquilo com a minha segurança aqui.
É claro que as rosas têm espinhos! Pra falar a verdade, é tipo uma espada mesmo, bem afiada: o banheiro coletivo. Dividir o banheiro com uns 50 homens é o desafio dos deuses! Mas, até aquele momento, esse era o único problema.
Acontece que, nesse ínterim, eu e o Mau discutíamos sobre quando ter filhos. Eu queria engravidar já, e ter no final do ano, e ele queria que engravidássemos no ano que vem, para curtirmos juntinhos a gravidez toda. É óbvio que ele tinha razão, mas quem não conhece a Mariana aqui, que me compre! Lutei, lutei e ele concordou em iniciarmos as tentativas em Novembro ("não é em Outrubro, viu?"). Fiquei super feliz, satisfeita, a ansiedade baixou muito. E, como a gente estava em esquema ponte aérea mesmo (bem capaz! Era ponte rodoviária, tá?), e eu com os spottings de sempre (é aquele sangramento chato no meio da cartela do anticoncepcional), resolvemos parar de usar métodos e ficar "cuidando", pfffffffffff. Sim, comprovamos que a estatística dos tratados de Ginecologia está certa! O método da tabelinha, se bem realizado, tem taxa de falha de 33%. Engravidamos no 3o mês! Depois eu conto como foi (que eu contei a notícia, né, manezada!)
Aí a coisa se agravou um pouco.... dividir o banheiro (mesmo sendo vários banheiros) com 50 homens, tendo que fazer xixi 9.000 vezes por dia começou a complicar. Cadê a mãe dessa piazada pra ensinar a fazer xixi no lugar certo? Eu juro que nisso não vou morder a língua! O Vicente vai usar o banheiro que nem um gentleman, que nem o pai dele, que nunca me deu trabalho!
Bom, pra completar, o refeitório está provisoriamente há 12 meses ao lado do meu quarto... então aquele cheirinho de comidinha boa que antes me encantava virou o tormento do 1o trimestre da gravidez. Pelo menos o banheiro estava pertinho, hehehe. E eu conseguia deixar mais limpo que quando os meninos usavam!
Tudo bem, assunto banheiro parcialmente resolvido: em assembléia, o projeto de lei da vice-prefeita da moradia (eu!) foi votado e aprovado! Teremos um assento em cada banheiro de uso exclusivo feminino!
Eba!
Além disso, os enjoos passaram e eu até consigo comer essa comidinha daqui às vezes.
Quando penso que está ruim (como nesse fim de semana, quando achei 2 sapatos meus com a sola toda embolorada, pois aqui é muito úmido), eu agradeço! Penso no meu apartamento que está ficando com a nossa cara após a reforma, e nas histórias que vou poder contar pro Vicente... e agradeço!
O vovô Carlos (que ama modernidades) quase caiu pra trás quando veio conhecer a casa da filhinha... mas tudo bem, pelo menos já fazia 5 meses que eu estava aqui e eu já estava mais que acostumada com tudo isso.
Também tenho que agradecer o tanto de gente que conheci: residentes de todas as áreas (o que, além de tudo, é muito útil quando se tem pacientes complexas internadas), esposas de residentes passando um perrengue muito pior que o meu, muito mais longe de suas famílias, funcionárias da limpeza que são queridas demais.... e agradecer o tanto que estou ME conhecendo! Estou passando tanto tempo só (e fora do carro!), que não canso de me surpreender com a complexidade que somos, e com a simplicidade que podemos resolver tudo.

Desculpa o post enorme! Na verdade, desculpa nada! Deixa eu escrever! Leia só até a metade que tá beleza!

Beijos da Mari!

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